Luciana Sousa
Professora do Rhema Brasil
Há dias as palavras “o reino de Deus” pairam na minha cabeça. Não parei para pensar, ler ou estudar sobre isso, mas hoje, quando acordei, parece que frases inteiras corriam por minha cabeça gritando. A princípio, era tudo meio desordenado, mas depois de organizar os pensamentos, vou falar aqui o que entendi.
Os judeus sabiam que o Messias seria um descendente de Davi, viria sentar no seu trono e restabeleceria o reino de Israel, mas o que eles não sabiam é que esse reino não seria natural ou humano, como o de Davi. Por isso, o rejeitaram. Mas, se esse tal reino fosse meramente natural, teria um fim como o de todos os reis que passaram antes dele. A história de Israel está cheia de altos e baixos que eram causados por reis justos e outros ímpios.
Não podemos condená-los, porque mesmo nós na Nova Aliança, nos conformamos ou ansiamos simplesmente por aquilo que é natural ou passageiro e, tantas vezes, nos acomodamos com isso, sem buscar o que realmente importa.
É bem verdade que “fomos resgatados do domínio das trevas para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1.13). Mas, muitas vezes, vivemos ainda nas condições do nosso antigo reino, nos saciando com migalhas que vem até nós por intermédio do sacrifício de Cristo.
É como se morássemos em um casebre, dentro de um brejo enlameado. Nossa casa é pobre, cheira a mofo e é cheia de infiltrações. Rodeada por árvores altas, ela tem pouca luz do sol. Suas paredes são escuras. Não tem como sair de casa sem enfiar os pés na lama. Nossa condição é deplorável e não temos a menor chance, por nós mesmos, de sair dela.
Existe uma autoridade que nos aprisiona nesse lugar, não há esperança ou possibilidade de mudança, porque não temos poder contra ela. Mas então, um rei piedoso vence a guerra contra o nosso oponente, nos dá o direito de ir morar em seu reino, nos lava, nos dá roupas novas e nos diz:
“ Seja rei e reine em meu lugar, meu reino agora pertence a você! Saia desse lugar e desfrute do que agora é seu”.
Ah sim, nos alegramos grandemente! Fazemos festa. Nossa vida mudou! Fomos achados pela misericórdia, tudo agora será diferente…
Será?
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida”… (Romanos 14.17a). Não é algo que vem saciar nossas necessidades humanas e naturais simplesmente, se fosse, acabaria quando morrêssemos, porque aí então, não teremos mais necessidades físicas.
Muitas vezes, percebemos em nós ainda o cheiro de mofo, sentimos a umidade nos pés e percebemos que não fomos tão longe de casa, porque agora, temos água e pão. Não precisamos de tanta coisa assim… Isso nos basta! Contentamo-nos com o que temos. Para mim basta só um carro novo, uma casa agradável, um tablet de última geração, algumas roupas de marca para que vejam que faço parte desse novo reino e sou igual aos demais…
“…mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. (Romanos 14:17 b). Cristo veio nos saciar da fome e da sede que tínhamos no espírito. Lembra da história da mulher samaritana? O que Jesus disse?
“Mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (João 4.14)
O que Jesus oferece é algo eterno, não pode ser comprado, negociado, não se vende em lojas (nem mesmo nas mais chiques).
Temos buscado o que o reino de Deus pode nos oferecer no natural e quando precisamos do que é eterno em nós, muitas vezes, percebemos que estamos vazios. Não há paz, nem alegria no Espírito Santo. Mas como? Se é exatamente disso q o reino é feito? Pois é… Precisamos sair definitivamente desse lugar de charco, esquecer que um dia fomos diferentes do que somos hoje. Precisamos mudar nossas práticas, pensamentos e então acharemos o que de fato é nosso.
Com isso, não estou dizendo que não podemos ter essas coisas, pelo contrário, a Bíblia também diz que “Deus, segundo as suas riquezas em glória, suprirá todas as nossas necessidades, em Cristo Jesus” (Filipenses 4.19). Mas esse não é nosso alvo!
Lembram também quando Pedro e João estavam na Porta Formosa? O que Pedro falou para o aleijado que estava nessa condição desde o ventre da sua mãe? “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho te dou. Em nome de jesus Cristo, o Nazareno, levante-te e anda.” (Atos 3.6)
O que Pedro ofereceu para aquele homem não foi algo natural, poderia ter sido, já que ele ia todos os dias pra lá com o objetivo de pedir esmolas. Mas algo material só serviria para aquele momento. O que foi dado pelos apóstolos foi um milagre prontinho, saído do forno. Talvez por se lembrarem do que está escrito em Lucas 9:11, quando fala que as multidões seguiam a Jesus e então, “ele as acolheu e falava-lhes acerca do Reino de Deus e CURAVA OS ENFERMOS.” Ou de Lucas 9:2 q diz, “e os enviou a pregar o Reino de Deus e A CURAR OS ENFERMOS.”
Pergunto-me, onde os milagres se escondem? Ou as curas? A salvação? Não estão dentro de nós? O reino de Deus está dentro de nós. Mas precisamos mostrá-lo ao mundo. Nesses últimos dias precisamos com urgência despertar para as prioridades. Deus nos chama!
Quando realmente começarmos a buscar “o seu reino e a sua justiça”, veremos o quão rápido “essas coisas nos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Mas então isso não fará tanta diferença, o Rei e o reino é o que nos importa, os acréscimos são apenas acréscimos.